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Opinião: Start II A redução dos Arsenais atômicos

In Defesa, Geopolítica, História, Plano Brasil on 13/04/2010 by E.M.Pinto Marcado: , ,

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Autor

E.M.Pinto

Em Washington, Lula defenderá eliminação total de arsenais nucleares, seu discuso conterá os seguintes dizeres

O modo mais eficaz de se reduzir os riscos de que agentes não-estatais utilizem explosivos nucleares é a eliminação total e irreversível de todos os arsenais nucleares“.

Até mesmo quem defende o desarmamento nuclear sabe que de fato esta é uma tarefa quase impossível de ser concluída.

O poder nuclear das nações que dominaram o século passado e o inicio deste, foram um importante instrumento na dissuasão de conflitos globais que atordoaram o século XX.

Por outro lado, a falência das potências globais seguida do surgimento de novas potencias e da disseminação da chamada guerra assimétrica e o terrorismo, puseram um termo na questão do poder nuclear destas nações.

Até então, o conflito nuclear só era vislumbrado através do confrontamento armagedônico de duas potências nucleares, o que nunca chegou a acontecer.

Nos dias de hoje, apesar do temor de um Iran e Coréia do Norte nucleares (ambas nações consideradas um perigo para a humanidade uma vez que podem ser desencadeadores de conflitos) a hipótese de um confrontamento nuclear entre nações é quase que ínfima.  Quase ínfima, pois  curiosamente a lista de potenciais problemáticos, não inclui o Paquistão, um  estado ditatorial travestido de uma democracia e apoiada pelo ocidente por razões estratégicas.

Este país serve de abrigo para grupos radicais como a Alqaeda e Talibã, e de sobra, fricciona a fronteira e esquenta o pavio da bomba que pode explodir na Índia – outra potência nuclear, arrastando o mundo par ao dia do Juizo final.

Porém nem isto torna-o um motivo de preocupação, e apesar dos dissidentes e conflituosos “aliados”, o novo discurso adotado pela diplomacia dos EUA e Rússia, desconsidera a hipótese de um conflito nuclear entre grandes nações, focando agora eventualidade  de um grupo rebelde ou terrorista (tal como a Alqaeda ou Talibã  que se abrigam no Paquistão)  porem as mãos em um artefato nuclear e assim, a nova ameaça nuclear ganha outra cara, porém um novo argumento para controlar a tecnologia nuclear de muitas nações.

Neste mês, os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama e Dmitri Medveded da Rússia,  assinaram em Praga, capital da República Tcheca um novo tratado de redução de armas nucleares.  Chamado de START II (do inglês-Tratado de Redução de Armas Estratégicas), substituindo assim o  de 1991 que expirou no ano passado.

É de se ressaltar que o novo tratado vem de encontro a um desejo antigo da humanidade, o passo para a eliminação gradual dos arsenais atômicos, e neste contexto, o novo tratado russo-americano propõe a redução dos arsenais de ambas as nações para o limite máximo de 1.550 ogivas nucleares em cada país (veja infográfico I, clique para ampliar), o que corresponde a uma diminuição de 74%, feito histórico e digno de louvor.


Sem dúvida é o mais ambicioso acordo militar desde o fim da Guerra Fria, e nas palavras do chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov:

“A assinatura do novo tratado reflete a retomada do nível de confiança entre os dois países”.

O novo tratado limita o número de ogivas bem como dos seus vetores lançadores e lança novas discussões a cerca de sua eficácia, pois para muitos, a redução dos arsenais será quantitativa e não qualitativa, uma vez que ambas as nações tem em curso programas de desenvolvimentos de mísseis e ogivas mais precisos e poderosos o que equilibraria a desativação de artefatos arcaicos e dastualizados, porém é de se destacar que o feito é inédito e que a continuidade desta mentalidade poderá trazer novas garantias de desarmamento mais efetivo no futuro (veja no infográfico II quais as propostas de limitações de sistemas de lançamento e seus alcances respectivos, clique para ampliar).

Outro ponto de destaque é o que limita o uso dos arsenais apenas a “casos extremos” e restringe o seu uso contra nações que não detenham artefatos nucleares, um ponto positivo no convencimento aos demais países, embora não seja de se confiar nos dois países, uma vez que estes são especialistas em criar precedentes e burlando todas as restrições e tratados assinados em nome de sua segurança nacional.

Neste ponto cabe sublinhar o termo “casos extremos”, porém destaca-se que há (mesmo que mentirosamente) uma promessa de  não atacar com estas armas atômicas, países que não possuem arsenal atômico e que respeitam as regras do Tratado de Não-Proliferação Nuclear.

As exceções, são o Irã, acusado de desenvolver armas atômicas, e a Coréia do Norte, que já efetuou recentemente dois testes nucleares. Isto quer dizer que os EUA e a Rússia não se comprometem a não usar seus arsenais contra estes países, portanto, não estariam livres de um ataque norte-americano.

Uma cláusula especial prevê a possibilidade de uma das partes se retirar do acordo quando assim o achar lesivo ou se uma das partes não estiver cumprindo, o que já levou o Primeiro Ministro Medvedev a anunciar que a instalação do pretendido escudo antimísseis na Europa, pode trazer um desequilíbrio ao poder de dissuasão Russo, e portanto a Rússia não exitaria em sair do acordo em breve, caso se chegasse a estas conclusões.

Vale ressaltar também outro ponto positivo da assinatura deste tratado pois este foi um passo importante para a melhoria da relação diplomática entre Rússia e Estados Unidos, muito debilitado nos anos da administração Bush.

O novo tratado será válido por 10 anos e poderá ser renovado por no máximo mais cinco anos.

Considerações de Matthew Evangelista, professor de Política Internacional da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos:


“As nações precisam reconhecer seu armamento nuclear como um recurso que causa a morte em massa de civis – ou, na prática, o genocídio…  Só assim vão deixar de considerá-lo ‘utilizável’ e se tornarão capazes de seguir adiante com propostas sérias para reduzi-lo”


“Quanto mais os Estados Unidos e a Rússia reduzirem seus arsenais, mais importante será incluir os outros países que têm armas atômicas… Se já foi difícil negociar entre dois países, imagine entre nove”.


Referindo-se a todos os Estados atômicos: EUA, Rússia, Grã-Bretanha, França, China, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte.

Texto e infográfico Plano Brasil

Edição Por E.M.Pinto

6 Respostas to “Opinião: Start II A redução dos Arsenais atômicos”

  1. Brilhante a análise apresentada. Reforço a idéia de que, “o único modo realmente seguro e confiável de não se ter armas atômicas em mãos indesejadas, será a total extinção desses artefatos”. Essa segurança não se limita aos povos que não possuem essas armas, ela abrange todos os habitantes do planeta, inclusive as dos países que insistem em possuí-las, de forma transparente ou não, como é o caso de Israel.

  2. Do ponto de vista tático apenas duas situações se apresentam que justifique o uso de armas nucleares sem que se apele para o “politicamente incorreto”: atingir alvos subterrâneos reforçados e submarinos submersos.
    Armas nucleares com capacidade de penetrar fundo no solo foram aventadas mas não tiveram seu desenvolvimento concluído e as cargas de profundidade e torpedos nucleares foram aposentados, ao meu ver, prematuramente (do ponto de vista tático) já que a guerra anti-submarino não é propriamente uma “ciência exata”, e é sujeito a tantas variáveis que justificaria o uso de uma arma nuclear, por exemplo, pra proteger um NAe classe Nimitz.
    Todos os outros “alvos” podem ser atingidos com eficiência com armas ditas “convencionais”.

  3. …pobre de nós e do mundo nas mãos desses loucos…

  4. […] artigo Opinião: Start II A redução dos Arsenais atômicos divulgamos um infográfico que continha informações equivocadas sobre os arsenais nucleares dos […]

  5. É os outras 7 potencias nucleares? Nada?

  6. “exitaria”?????? O que é isto? Será hesitaria do verbo PORTUGUÊS hesitar?

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